ESCRAVA ISAURA
40ANOS
CURIOSIDADES
Por Philipe Rabelo
O romance ia se chamar ‘A Cativa Isaura”
O título original do romance seria “A Cativa Isaura”, mas quando Bernardo Guimarães apresentou para o editor ele achou mais interessante colocar “A Escrava Isaura”, pois era mais impactante e forte.
Jornais da época apresentam o sucesso de Escrava Isaura
Claquete de uma das gravações da novela/ Arquivo xxxx
Atores não receberam direitos autorais pela exportação da trama
Quando a novela foi vendida, ninguém recebeu direitos autorias, isso gerou algumas brigas judiciais. Quando a novela foi gravada, não havia regulamentação da carreira de ator/atriz, esses profissionais eram associados à prostituição até que em 1978 houve o reconhecimento da profissão.
Os atores costumavam ir para as gravações da novela de Kombi, todos arrumados. Além disso, as cenas que mostravam belos lagos, na verdade eram lama, porque Valença e Conservatória, locais de gravações eram lamaçais na época.
O tradicional Lerê, Lerê, música que ficou no imaginário das pessoas quando se fala em Escrava Isaura foi composta por Jorge Amado e interpretada por Dorival Caymmi. A música não foi criada para a novela, mas acabou sendo jogada para abertura.
Lucélia gravava a novela de salto alto e enchimento nos seios
O núcleo do personagem Tobias foi uma criação de Gilberto Braga. A irmã dele, Taís; a mãe, Alba; a escrava, Leonor não existiam na obra original.
A Escrava Isaura não seria interpretada por Lucélia Santos, mas, sim por Louise Cardoso. Milton Moraes foi quem sugeriu à Globo que desse uma chance à Lucélia, que estava fazendo sucesso com uma peça em cartaz no Leblon. Lucélia estreou na Tv como protagonista.
Lucélia é baixa, cerca de 1,57 m e gravava a novela com salto alto de 12 cm. Os seios fartos eram feitos com chumaços de algodão dentro do sutiã. Só o cabelo era original.
Léa Garcia interpretava vilã escrava Rosa, antagonista de Isaura, e chegou a apanhar de telespectadores na praia do Flamengo. Quando a cena da morte da escrava Rosa por meio de um envenenamento que ela mesma havia preparado para Isaura foi ao ar, a atriz ouviu seus vizinhos comemorando.
Cena da novela
DVD de Escrava Isaura lançado pela Globo Marcas em 2012
Quatro reprises em seis anos
Escrava Isaura foi a novela mais reprisada da Globo, com 5 reprises, uma delas no mesmo horário em que havia sido exibida originalmente (18h).
A novela encerrou em fevereiro de 1977, em dezembro já estava sendo reprisada, até 1982 Escrava Isaura foi exibida 4 vezes. A 5ª reprise foi exibida no ano de 1990.
A novela foi ao ar entre os dias 11 de outubro de 1976 e 05 de fevereiro de 1977. Essa foi a 7ª novela exibida no horário das 18h, na TV Globo.
A novela era censurada durante transmissão
Os capítulos gravados eram enviados a Brasília para avaliação dos censores, que retiravam algumas cenas já com a novela indo ao ar, o que comprometia o entendimento da trama, que deveria ser explicada nos capítulos seguintes.
A censura não permitia falar em trabalho escravo, coronéis, exibir cenas de suicídio, envenenamento, ou de violência no tronco
A Censura da ditadura militar nas cenas da novela
Lucélia Santos recebe o prêmio 'Águia de Ouro de Melhor Atriz, em 1985
Escrava Isaura viajou 104 países
Escrava Isaura foi exportada para 104 países, e fez muito sucesso na década de 80 quando quebrou a cortina de Ferro e entrou como produto estrangeiro nos países do bloco comunista. A Globo já exportava suas novelas com as respectivas dublagens em idiomas diversos, como Alemão, Frances, Espanhol, Inglês, Mandarim.
Normalmente, a novela é exportada em uma versão reduzida com 30 capítulos, vendida em DVD. Portugal foi exceção e comprou a trama inteira com 100 capítulos e foi o primeiro país a importar a Escrava Isaura, em função da língua semelhante.
Reações à novela pelo mundo
China
Eram colocadas televisões nas praças, uma vez por semana, a fim de permitir que todos os chineses pudessem assistir à novela. A versão comprada pela China tinha 30 capítulos, que eram exibidos 1 por semana. Os chineses elegeram-na como símbolo de luta e vitória.
Croácia
A novela chegou a interromper uma luta armada.
Cuba
Fidel Castro já gostava do consumo por streaming. Ele assistiu aos 30 capítulos de uma só vez e depois passou para a população, 1 por semana. Além disso, ele também suspendeu o racionamento de energia para que a população acompanhasse a novela, inclusive a Federação de Futebol Cubana teve de alterar o horário das partidas porque o público preferia ficar em casa, com a TV ligada assistindo a “sagrada”, como a novela era conhecida na ilha. As receitas da escrava Januária inspiraram várias receitas no país, como o arroz crioulo, e levou ao desenvolvimento da culinária brasileira em Cuba e em diversos outros países.
Lucélia e Fidel Castro conversam sobre a Escrava Isaura
Estados Unidos
A Escrava Isaura foi analisada nos Estados Unidos pelo programa Good Morning América. A novela ameaçou séries americanas como Dalas e Dinastia em termos de audiência, a ponto dos americanos quererem fechar parcerias com os brasileiros para a teledramaturgia.
Itália
Os italianos picharam muros pedindo a libertação dos escravos e chegaram a fazer vaquinhas para arrecadar dinheiro e enviavam para o Brasil, a fim de libertar Isaura.
Iugoslávia
A novela foi transmitida dentro de um programa popular de variedade durante os cinco dias da semana, uma exceção para o país que exibia suas novelas uma vez por semana.
Polônia
Houve um concurso de “Isauras” e “Leôncios” entre a população para ver quem se parecia mais com eles. A novela conquistou 84% da audiência e foi considerada pelos poloneses como a melhor obra transmitida no país. A repercussão foi tão grande que as canções da novela podiam ser ouvidas no rádio e na televisão mesmo depois de 10 anos, e as fotografias eram expostas nas casas. Até um navio foi batizado com o nome de "A Escrava Isaura".
Portugal
As mulheres quebraram as televisões com tamancos, por sentirem ódio de Leôncio e da escrava Rosa
Rússia
A palavra “fazenda” foi incorporada ao vocabulário russo em função da novela.