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EDWIN LUISI relembra sucesso repentino com estreia como mocinho em Escrava Isaura

Por Giulia Saletto

A carreira do ator Edwin Luisi deslanchou na televisão ao aparecer pela primeira vez na novela Escrava Isaura, no dia 24 de dezembro de 1976, como o jovem abolicionista Álvaro. Da noite para o dia, Edwin, que era apenas ator de teatro, havia virado o novo galã da televisão brasileira. A partir daí, sair de casa começou a se tornar um desafio na vida do paulistano que estava se acostumando com o Rio de Janeiro.


- O impacto da novela na minha vida foi avassalador. Eu tinha 29 anos, três dias depois da minha primeira aparição eu já não conseguia mais andar na rua. Isso foi muito complicado na minha vida, porque eu não soube lidar com isso. Sempre fui meio antissocial, mas com o tempo acabei me habituando. Foi só lá para a quarta ou quinta novela que eu me acostumei um pouco mais e aceitei – disse Edwin.

Arquivo Memória Globo

Nascido em São Paulo, Edwin começou a carreira exclusivamente nos palcos, depois de um amigo o convidar para participar de um curso e perceber que ele tinha talento para as artes:

- Um dia, Gilberto Braga foi ver uma peça minha em São Paulo, ele era um crítico de teatro na época. Ele voltou para o Rio e falou com o diretor da novela, que tinha visto um ator em São Paulo e queria me convidar para fazer um teste. Cheguei na Globo e levei um susto, jamais tinha passado na minha cabeça que eu faria novela.  

O sucesso imediato da trama espantou o ator, que estava acostumado a uma vida privada discreta. “Naquela época não era como hoje, as pessoas choravam, se descabelavam. Me viam na rua e começavam a gritar. O assédio sexual das mulheres era uma coisa louca” comentou Edwin.

Com o sucesso internacional da novela, Edwin passou a viajar como o representante da trama para abrir os caminhos das exportações de novelas brasileiras para fora do país. Escrava Isaura foi a primeira, e foi vendida para mais de 100 países.

- É quase inexplicável esse sucesso da novela fora do pais. Eu viajei pra Cuba, Venezuela, Estados Unidos. A gente era recebido nesses países como astros de rock, no aeroporto já tinha gente com faixas. Eu desci do avião e eu vi um bando de gente com faixa que eu achei que estava chegando alguém importante e era tudo para mim. Me assustava – confessou o ator.  

Apesar de todo o sucesso, para Edwin, o grande presente da trama foi a amizade com Lucélia Santos, que o acolheu na sua chegada a Globo sem conhecer ninguém. A novela já estava sendo gravada há dois meses, e Lucélia já era um fenômeno na TV. “A minha grande referência até hoje é a Lucélia. Ela me pegou pela mão e não me largou mais, deixando-me entrosado e à vontade com todo o elenco” contou Edwin.

 Já o relacionamento com o resto da produção, não era de tanta proximidade, principalmente com o diretor Gilberto Braga. De acordo com Edwin ele não participava muito das gravações e raramente via o elenco.

- O Gilberto renega a Escrava Isaura. Ele fala que não entende como a novela fez sucesso. Eu credito isso a um mau momento da vida dele. Acho que ele ficou de mal com o mundo. Sim a novela tinha falhas técnicas. O elenco tinha pessoas frágeis, mas foi uma química que deu certo. Ele pegou uma antipatia qualquer com a novela. Ele até me pediu desculpas um dia pela entrevista que deu – explicou Edwin.   

 

Para o ator, a carreira no teatro sempre foi uma prioridade maior que a televisão

Embora os papéis mais marcantes do ator tenham sido na TV, ele define o teatro como a carreira preferida. Ele também assume que sua carreira na TV entrou em decadência a medida que ele se negou a fazer toda a “política” envolvida por trás das câmeras.

- Minha carreira foi decaindo na televisão, por minha índole, por não gostar de bajulação e nem fazer politicas dentro da tv. Fui ficando de escanteio na TV, enquanto isso minha carreira no teatro foi se desenvolvendo cada vez mais.

Ao se relembrar de todos os papéis mais emblemáticos da carreira, o ator não se inibe em dizer que se orgulha dos seus feitos tanto nos palcos quanto na televisão:

- A novela abriu portas para que eu seguisse também fazendo teatro. Eu sou o ator de teatro mais premiado do Brasil, e essa é a profissão que eu escolhi. A TV é uma rota de fuga – concluiu Edwin.

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